The Moon: Sobrevivente adiciona pouco aos filmes de sobrevivência espacial

Assim como Lobisomem (a outra estreia da semana) explora todo um subgênero envolvendo não apenas histórias gravadas numa casa, como criaturas, The Moon: Sobrevivente se encaixa perfeitamente num filão tão vasto quanto o espaço sideral. De cabeça, só nos últimos anos, é possível lembrar de Sandra Bullock e George Clooney presos em Gravidade (2013), Matt Damon (pra variar) precisando ser resgatado em Perdido em Marte (2014), Ryan Reynolds e grande elenco tentando impedir uma criatura de fazer uma visita à Terra em Vida (2017), a vencedora do Oscar Ariana DeBose ganhando uns trocados em Estação Espacial Internacional (2023) e, ainda mais recentemente, Casey Affleck e Laurence Fishburne brigando em Slingshot (2024). Exemplos não faltam e caberiam ainda mais nessa lista. O que difere The Moon de todas essas que citei acima é o fato de se tratar de uma produção com elenco, equipe técnica e ambientação 100% sul-coreanas.

Na trama, a Coreia do Sul falhou miseravelmente em sua primeira tentativa de levar uma equipe para fincar bandeira na Lua, exatamente como fizeram os Estados Unidos em 1969. Mas assim como também aconteceu com nossos amigos yankees, os sul-coreanos não desistiram e tentaram de novo, desta vez colocando dois astronautas e um inexperiente ex-Seal em missão. É justamente este último, Hwang Seon-Woo (vivido pelo astro do K-Pop Do Kyung-soo) quem acaba se tornando o único sobrevivente, quando ainda em órbita um acidente ceifa a vida de seus colegas. Determinado a concluir a missão, Hwang parte rumo à Lua, mas terá de superar ainda mais desafios. Como o próprio título indica, não terei medo de spoiler ao dizer que nosso simpático protagonista consegue, de fato, aterrisar no satélite natural. Mas sobreviver lá é um pouco mais complicado.

Escrito e dirigido por Kim Yong-hwa, The Moon é um blockbuster à moda antiga, para o bem e para o mal. Isso significa que todos os seus tropos já foram fartamente explorados já no início do milênio, fazendo a produção chegar atrasada às telas. É como se o Cinema Espacial da Coreia do Sul estivesse dando os mesmos passos que foram dados por Hollywood, com esse filme representando os primeiríssimos. Yong-hwa, no entanto, se sai muito melhor dirigindo as boas sequências de ação, do que concebendo elos dramáticos. Para tanto, é preciso reconhecer que o cineasta conta com ótimos efeitos visuais para darem vazão à sua imaginação e só a sequência da chuva de meteoros já é suficiente para nos convencer de que o VFX sul-coreano em nada deixa a desejar às suas inspirações estadunidenses.

Mas o mesmo é difícil dizer da frágil trama costurada por Kim Yong-hwa, que é vê influenciado até mesmo pelos impulsos jingoístas norte-americanos (aqui retratados como uma constrangedora caricatura). Para piorar, os personagens são unidimensionais e agem como peões dentro de um grande tabuleiro, que é o que realmente interessa a Yong-hwa. Nesse aspecto, nem mesmo os esforços de Do Kyung-soo são suficientes para trazer personalidade a Hwang, cuja insegurança proveniente de sua inexperiência representa a única característica ao lado da obrigatória determinação. Ao menos, Kyung-soo não tem muitas dificuldades para ganhar nossa torcida quando está fugindo de detritos espaciais ou tentando se manter acordado.

Difícil mesmo é não dormir toda vez que The Moon resolve apontar sua câmera para o núcleo terrestre. São longas e cansativas passagens envolvendo adultos gritando uns com os outros enquanto encaram telas. E a ideia de mostrar engravatados atrapalhando a equipe através de reuniões ainda mais enfadonhas, torna tudo quase insuportável. Fechando a narrativa com uma reviravolta que mais soa uma tentativa desesperada de amarrar as pontas excessivamente melosas do roteiro, The Moon: Sobrevivente não chega a ser um desastre (com o perdão do trocadilho), apenas traz pouquíssimas novidades a um bem servido filão.

NOTA 4,5