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Foto do escritorGuilherme Cândido

Mesmo problemático, Batman vs Superman oferece aguardado espetáculo

Atualizado: 16 de jul. de 2022

Há muito tempo que venho dizendo que a estratégia de divulgação de Batman vs Superman é, no mínimo, obscuramente controversa. Ora, vários trailers foram lançados e, se não entregaram TODA a trama, certamente conseguiram estragar boas surpresas. O que não deixa de ser curioso, já que não faz muito tempo desde que J.J. Abrams e a Disney provaram valer a pena (leia-se bilhões de dólares em bilheteria) preservar a experiência do espectador, não revelando muito na divulgação.


Escrito por David S. Goyer (veterano em filmes de super-heróis) e pelo vencedor do Oscar Chris Terrio (Argo), o roteiro, como muitos já devem saber, nos apresenta a um Superman contestado, que é intimado pelo Governo e pela Sociedade a esclarecer os eventos ocorridos no filme anterior (o bom O Homem de Aço). Paralelo a isso está Bruce Wayne (agora interpretado por Ben Affleck) que vê o alienígena não como um herói, mas sim como uma ameaça a toda a raça humana. E entre os dois está o maquiavélico Lex Luthor (Jesse Eisenberg, em atuação espalhafatosa) que planeja colocar um contra o outro por motivos não muito claros.


Pronto, o circo está formado. E seria ótimo se fosse só isso, mas Snyder e os executivos da Warner, crescendo os olhos para cima do lucro da Marvel, resolvem criar um problema para eles mesmos: continuar uma franquia e construir outras. Com isso, a produção acaba com inchadas 2 horas e meia e sem desenvolver tudo que propõe (como as motivações de Luthor), com direito a apressadas e desajeitadas conclusões (como a criação do Apocalypse e o próprio conflito do título).


E exatamente como aconteceu em O Homem de Aço, Lois Lane, embora interpretada com a competência habitual de Amy Adams, não se faz necessária, surgindo completamente perdida, parecendo estar em tela somente para ser salva pelo Superman, que mais uma vez é vivido com carisma e intensidade pelo britânico Henry Cavill.


Com relação aos novos integrantes, depois de toda a onda de reprovação em volta de sua escolha para o papel de Batman/Bruce Wayne, Ben Affleck (Garota Exemplar) não faz feio, pelo contrário, se sai bem como o playboy veterano e ainda convence como o cavaleiro das trevas, o que, para os mais pessimistas, já é mais do que suficiente. O Lex Luthor de Jesse Eisenberg é exatamente o que parece, uma versão maligna e extravagante de Mark Zuckerberg (papel mais marcante de seu intérprete).


Já Jeremy Irons (Dezesseis Luas) parece bem confortável como Alfred, que aqui surge numa versão descontraída e mais ativa, sendo mais do que um simples mordomo. Gal Gadot (Velozes e Furiosos 5), como a Mulher Maravilha, também consegue calar seus críticos e, embora não tenha muito tempo de tela, deve arrancar elogios por sua participação.


Tecnicamente competente, o que já era de se esperar, o filme também se dá o luxo de abusar do CGI, que funciona bem na maior parte do tempo. A câmera lenta (marca registrada do diretor Zack Snyder), que havia sido deixada de lado em O Homem de Aço, aqui é usada sem muita parcimônia, mas servindo bem ao espetáculo. E por falar em espetáculo, é preciso admitir que Snyder não é um cineasta chegado a discussões profundas em seus filmes, por isso, é compreensível que opte pela grandiloquência em detrimento da profundidade e/ou sutileza. E faz muito bem, diga-se de passagem, pois se tem algo em que o longa metragem acerta em cheio é em suas sequências de ação.


Tratando-se de um filme chamado Batman vs Superman, seria estranho não comentar sobre o tão esperado embate. E para evitar spoilers, vale dizer que os trailers entregam muito, é verdade, mas ainda há alguns detalhes interessantes guardados pela produção. Só não vá esperando que a pancadaria dure uma eternidade, pois, na realidade, ela é apenas a culminância de um longo confronto que se desenvolve durante o filme, que é mais do que um simples embate físico.


Dito isso, Batman vs Superman - A Origem da Justiça é um filme que se sai melhor como espetáculo, entregando com competência aquilo que se espera. E se não é profundo e relevante como a trilogia do Batman de Christopher Nolan, ao menos permitirá a criação de um universo que ainda nos dará muitas alegrias.


Se os trailers deixarem, é claro.


NOTA 6

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