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Foto do escritorGuilherme Cândido

'Ligação Sombria' tem final decepcionante amenizado por Cage

Atualizado: 18 de set. de 2024



Com mais de quatro décadas de carreira e quase 130 produções no currículo, Nicolas Cage já fez praticamente de tudo no Cinema. Desde comédias de erros a suspenses psicológicos, é complicado encontrar um gênero ou subgênero que já não tenha passado pelas mãos do sobrinho mais famoso de Francis Ford Coppola. O próprio Ligação Sombria (Sympathy For The Devil, no original), estreia nacional deste final de semana, compartilha elementos com outra obra estrelada por Cage: Coração Selvagem (1990). Mas o toque surreal e a viagem de carro são os únicos pontos em comum com a instigante experiência dirigida por David Lynch.


Escrito pelo estreante Luke Paradise, a trama se passa numa noite aparentemente pacata em Las Vegas, com um motorista sem nome (vivido por Joel Kinnaman, o Rick Flag de O Esquadrão Suicida) percorrendo as ruas da Cidade Que Nunca Dorme rumo ao hospital onde sua esposa dará à luz ao segundo filho do casal. Quando finalmente chega, no entanto, ele mal consegue estacionar e um desconhecido (Nicolas Cage, é claro) invade o carro, apontando uma arma e ordenando que ele volte para a estrada. O inferno está só começando.

Tendo dirigido o tenso, mas derivativo, Os Segredos Que Guardamos (2020), o israelense Yuval Adler é competente em manter o espectador apreensivo enquanto as reais intenções do intruso misterioso não são reveladas, especialmente no primeiro ato, quando a dinâmica dos personagens é estabelecida de forma eficaz. Por outro lado, o filme cai gradativamente à medida que nos aproximamos do final e quanto mais clara se torna a motivação do Passageiro, menos interessante fica a narrativa. Paradise mostra pouco repertório ao desenvolver a ideia de emular Colateral (2006) e passa a depender da intensidade habitual de Nicolas Cage para manter a atenção do espectador.

E o veterano não decepciona: Contando com os mesmos maneirismos exagerados, o andar estilizado e as reações peculiares (minha favorita acontece quando seu personagem é interrompido durante um discurso), a performance do vencedor do Oscar (por Despedida em Las Vegas, de 1995) está claramente num nível superior ao de seu personagem, que no final das contas é menos fascinante do que parece. E se ele, ao menos, permanece fascinante por boa parte do tempo, os méritos são de Cage, que toma o filme para si e exercita sua Arte sem qualquer pudor. Exibindo uma energia diametralmente oposta, o sueco Joel Kinnaman limita-se a retratar a personalidade resignada do Motorista, desdobrando-se para reagir de forma adequada às loucuras de seu colega de elenco.

Infelizmente, isso é tudo o que Ligação Sombria tem a oferecer, pois por mais que Yuval Adler se esforce para envernizar o roteiro limitado que tem em mãos, mantendo a câmera sempre próxima de seus atores e fazendo bom uso do vermelho (perigo) e do roxo (morte) para tentar trazer alguma complexidade à obra, o que sobra é o show de Nicolas Cage, divertindo-se a valer em cena. E quando Cage se diverte, nós nos divertimos ainda mais assistindo-o.


NOTA 5,5

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