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Foto do escritorGuilherme Cândido

Inspiradíssimo, Ryan Reynolds domina Deadpool

Já faz um bom tempo que Ryan Reynolds tenta emplacar no universo das adaptações de quadrinhos. Para sua infelicidade, porém, seu currículo já soma três tropeços: o conturbado Blade: Trinity (2004), o fracassado Lanterna Verde (2011) e o famigerado X-Men Origens: Wolverine (2009), este último interpretando aquele que viria a se tornar seu personagem favorito e também verdadeiro objeto de obsessão: Deadpool. E hoje, depois de quase 10 anos tentando convencer os executivos da Fox, finalmente consegue lançar seu próprio filme como o mercenário tagarela.


Escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, que já haviam acertado em cheio com o divertidíssimo Zumbilândia, o roteiro, inspiradíssimo, é repleto de referências, o que permite à dupla extrair humor de situações que homenageiam desde clássicos do Cinema até blockbusters atuais, passando por astros de Hollywood e até mesmo a carreira do próprio protagonista (com destaque para os fantásticos créditos iniciais que não poupam nem mesmo a equipe de produção do filme).


Mas o grande diferencial do filme está mesmo em seu protagonista: Deadpool consegue ser irreverente, divertido e sagaz sem se deixar conter pela chatice do politicamente correto. Aliás, o personagem parece não ter limites, chegando até mesmo a falar diretamente com o público (a chamada “quebra da quarta parede”) em vários momentos, o que acaba funcionando perfeitamente, dada a natureza insana do protagonista. Nesses momentos, os roteiristas aproveitam para brincar com clichês e dar aquela provocada em filmes do próprio estúdio.


E por falar no protagonista, Ryan Reynolds prova ser a alma do filme: carismático como sempre, o ator canadense traz muito de sua persona e entrega-se totalmente ao personagem, explorando ao máximo seu talento cômico e até uma surpreendente sensibilidade. Tão criticado em outras produções, ele parece ter encontrado em Deadpool seu personagem perfeito, nos fazendo crer que definitivamente nasceu para interpretá-lo.


Outro que demonstra talento é o diretor estreante Tim Miller (advindo das animações) que consegue equilibrar bem o tom da narrativa, sempre alternando com desenvoltura entre as sequências cômicas e aquelas que abusam da violência. E como o próprio personagem faz questão de ressaltar logo no início da projeção, este não é um filme de super-herói comum: recheado de palavrões e lutas regadas a sangue, Deadpool faz jus à classificação indicativa que recebeu (18 anos nos Estados Unidos e 16 anos no Brasil).


Deliciosamente irreverente e extremamente divertido, Deadpool é a primeira grande surpresa do ano, comprovando o brilhantismo de seus roteiristas, nos apresentando a um cineasta promissor e servindo também como redenção para um dos atores mais questionados da atualidade. Que venha Deadpool 2!



Obs: Há uma cena adicional após os créditos finais.


NOTA: 8



Publicado originalmente no site Central 42 em 13 de Fevereiro de 2016

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