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Foto do escritorGuilherme Cândido

Entediante, A 5ª Onda tem sabor de comida requentada

Muitos já devem ter se dado conta, mas para aqueles que não costumam notar a passagem do tempo, vale a lembrança: há cinco anos chegava aos cinemas a última aventura de Harry Potter. Sim, parece que foi ontem, é verdade, e foi graças ao famoso bruxo que as histórias “Young Adult” (aquelas baseadas em livros voltados para o público jovem) se tornaram uma verdadeira mina de ouro para os grandes estúdios. Desde então várias adaptações foram feitas tentando repetir o sucesso dos alunos de Hogwarts. E com isso, mediocridades como Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos, Dezesseis Luas e… Crepúsculo, inundaram os cinemas ao redor do mundo. Mas, sejamos justos, também tivemos bons filmes, como Eu Sou o Número Quatro e Jogos Vorazes. Pena que A 5ª Onda passa longe de se equiparar à recém encerrada saga de Katniss Everdeen.


Escrito (acredite se quiser) pela indicada ao Oscar Susannah Grant (Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento) , pelo vencedor do Oscar Akiva Goldsman (Uma Mente Brilhante), e por Jeff Pinkner (O Espetacular Homem-Aranha 2), o roteiro segue a já consagrada fórmula desse tipo de adaptação. Aqui, o planeta Terra sofre uma misteriosa invasão alienígena. Uma imensa nave resolve “estacionar” sobre os Estados Unidos e, enquanto os seres humanos tentam entender o que está acontecendo, eis que os aliens botam em prática um “elaborado” plano de ataque envolvendo quatro ondas: na primeira, cortam a eletricidade do planeta; na segunda, provocam um tsunami e matam 40% da população; na terceira, espalham um vírus que elimina 97% dos humanos restantes; e na quarta, se infiltram entre os próprios humanos que sobraram (pois é). Aguardando a “quinta onda” do título, alguns grupos resolvem se unir para evitarem a extinção da humanidade, e é aí que entra a jovem Cassie Sullivan, que só quer proteger seu irmão mais novo. Mas é claro que ela vai acabar se envolvendo…


Como foi possível notar, a equipe técnica parecia muito mais interessada em estatísticas do que numa trama original, assim como também não se importaram de pegar emprestado o design de Distrito 9 para construírem a nave dos alienígenas (ou “outros”, como chamam). E por falar em “pegar emprestado”, chega a ser insuportável ter de acompanhar mais uma história envolvendo uma jovem sendo disputada por um bocó e um aspirante a guerreiro.


A direção sem personalidade de J Blakeson (O Desaparecimento de Alice Creed), aliás, não salva o projeto do fracasso, o que é uma pena já que o início, embora nada impressionante prometia um filme bem mais interessante. Já os efeitos visuais, embora não prejudiquem, também não agregam.


Mesmo com tantos defeitos, não há decepção maior do que ver a jovem e talentosa Chlöe Grace Moretz (tão carismática como a Hit Girl de Kick Ass) se entregar a caras e bocas numa personagem tão banal. E o restante do elenco não fica atrás, pois Alex Roe (O Atirador: Legado) surge como um forte candidato ao posto de ator mais inexpressivo da nova geração, ao passo que os veteranos Liev Schreiber (Salt) e Ron Livingston (Invocação do Mal) pouco têm a fazer com seus personagens unidimensionais.


Superficial, desinteressante e, muitas vezes, risível em seus diálogos, A 5ª Onda pode marcar o início de uma franquia que, infelizmente, começa com o pé esquerdo. No final, o que fica é aquela sensação de estar consumindo comida requentada, com todos aqueles ingredientes que já estamos cansados de comer, mas faltando aquele tempero que seria responsável por nos fazer esquecer todos os seus defeitos.


NOTA: 1,5

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