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Foto do escritorGuilherme Cândido

"Bloodshot" traz 'Toretto Possuído' em amálgama de ideias recicladas

Uma história que parece ter saído diretamente dos anos 80 protagonizada por uma mistura de Jason Bourne e o Exterminador do Futuro e, mesmo assim, Bloodshot consegue provocar bocejos no espectador.


Baseado numa história em quadrinhos da Valiant Comics, a trama acompanha o soldado Ray Garrison (Diesel), que após morrer em combate, é trazido de volta à vida através da nanotecnologia, injetada em suas veias. Trazendo-lhe uma série de super poderes, incluindo força sobre-humana e a capacidade de se curar de forma instantânea, a nanotecnologia tem o efeito colateral de afetar gravemente sua memória, motivando-o a ir em busca de sua verdadeira identidade.


Vin Diesel, que já não carrega um filme nas costas com a mesma facilidade de outrora, é sabotado pelas próprias limitações dramáticas. Investindo numa única expressão durante toda a projeção (como sempre), seu Bloodshot demandava um intérprete um pouco mais talentoso. Ainda mais se considerarmos toda a trajetória de dor e confusão do personagem. Já nas sequências de ação, Diesel se sai relativamente bem, caprichando nas caretas e andando com os punhos cerrados e braços afastados como costuma fazer, enquanto usa sua tradicional regata (figurino obrigatório em seus filmes). A pancadaria, quando bem filmada, não faz feio.


Apresentando sequências pouco imaginativas em suas coreografias, a ação é conduzida pelo diretor estreante Dave Wilson como um amontoado de cortes e movimentos bruscos. Porém, seu maior pecado é exagerar na proximidade da câmera, o que gera confusão e frustração por jamais termos noção do que realmente está acontecendo (ao menos com clareza).


Por outro lado, quando não está investindo em tramas previsíveis, humor artificial, estereótipos e/ou clichês bobos (vingança, amnésia, cientistas malucos e malignos, e corporações do mal fazem parte do pacote), Bloodshot diverte com um design de produção minimamente coerente e efeitos visuais aceitáveis, criando momentos cheios de potencial como a luta do clímax que envolve uma variação mais esbelta do Dr. Octopus lutando contra o Toretto Possuído.


Partindo de uma premissa datada e desenvolvendo-se preguiçosamente com a ajuda de clichês, Bloodshot é uma daquelas aventuras que todos já assistimos diversas vezes e essa sensação de déjà vu permeia toda a narrativa, pois a produção não se envergonhando de reciclar elementos e até mesmo personagens.


Competente em alguns momentos e com uma ou outra boa ideia (principalmente numa reviravolta específica), Bloodshot chega num momento de saturação de filmes de super-heróis, mas tudo o que oferece é o lugar-comum. Sendo assim, melhor continuarmos com os que já temos...


NOTA 3,5


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