top of page

"As Aventuras de Uma Francesa na Coreia" se encanta pelo prosaico

  • Foto do escritor: Guilherme Cândido
    Guilherme Cândido
  • há 11 minutos
  • 2 min de leitura

*Filme visto durante o Festival do Rio 2024


O prolífico cineasta sul-coreano Hong Sang-soo (assinou oito longas em menos de dez anos) construiu uma base leal de fãs ao longo dos anos, especialmente programadores de festivais, como o do Rio. Em mais de uma ocasião, por exemplo, os espectadores cariocas chegaram a ter dois filmes de Sang-soo disponíveis para apreciação. Esse ano, contudo, um longa foi para a Mostra de São Paulo e o outro, este As Aventuras de uma Francesa na Coreia, chega para seis sessões, um recorde para a atual edição.

Contando com todos os elementos que compõem o estilo do multipremiado queridinho do circuito mundial de festivais, como longos planos estáticos e diálogos concebidos para soarem improvisados, Yeohaengjaui Pilyo (no original) acompanha Iris (Isabelle Huppert, em sua terceira parceria com Sang-soo) uma mulher francesa que mora na Coreia do Sul e se mantém fazendo bico como professora de francês. Não que ela tenha formação na área educacional ou sequer uma didática comprovadamente eficaz, algo que ela não tem vergonha alguma de admitir, chegando a confessar estar fazendo isso apenas pelo dinheiro.

Consistindo na repetição de frases extremamente pessoais (Iris alega que isso facilita em fixar o aprendizado), seu método pode não ser comprovadamente eficaz, mas ao menos serve para revelar características de seus alunos. Iris, em contrapartida, é um profundo mistério, pois as únicas informações que temos ao seu respeito é o fato de dividir um apartamento com um rapaz bem mais jovem e adorar uma bebida tipicamente sul-coreana.

Notabilizando-se como um terror para pessoas hiperativas, a abordagem morosa e excessivamente descompromissada característica de Hong Sang-soo também tem tudo para enervar aqueles que não tiverem paciência para decifrar as intenções do realizador. Aqui, aliás, ele soa ainda mais esfíngico do que de hábito, apresentando situações cujos significados vão variar de espectador para espectador.

O encantamento de Sang-soo pelo prosaico, no entanto, permite a formação de um mosaico multifacetado de um povo contido, mas apreciador da beleza da Arte, tanto que praticamente todos os alunos de Iris citam poemas (alguns lidos diretamente a partir de monumentos públicos) e interrompem as lições para tocarem algum tipo de instrumento musical. Além disso, o filme também dá destaque às paisagens urbanas do país asiático, com Iris batendo perna por lugares bucólicos, cosmopolitas e até a junção destas últimas características.

O que sobra de concreto é a performance de Isabelle Huppert, que parece divertir-se a valer ao explorar os mistérios de sua personagem. Se isso será suficiente para apreciar As Aventuras de uma Francesa na Coreia, só você poderá confirmar.


NOTA 6


bottom of page
google.com, pub-9093057257140216, DIRECT, f08c47fec0942fa0