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Foto do escritorGuilherme Cândido

A Cura dilui tensão em trama redundante e previsível

Dono de uma versatilidade admirável, o cineasta norte-americano Gore Verbinski comandou seu primeiro longa-metragem há 20 anos, o divertido Um Ratinho Encrenqueiro. Seu filme seguinte, o regular A Mexicana, apresentou-se como uma aventura boba que se apoiava no carisma de Brad Pitt e Julia Roberts. No entanto, foi com o remake do horror japonês O Chamado que o diretor conseguiu chamar atenção: ao dar indícios de sua supracitada habilidade em transitar por gêneros distintos, rapidamente foi contratado pela Disney para comandar o ótimo Piratas do Caribe, filme que viria a alçá-lo à fama. Duas continuações depois, recusou o quarto capítulo para experimentar outra linguagem: a das animações. Com o excepcional Rango, Verbinski não só provou seu talento, como ainda levou para casa o Oscar de Melhor Animação. E eis que, 15 anos e um fracasso depois (o megalomaníaco O Cavaleiro Solitário, de 2013), o diretor retorna ao horror.


Escrito por Justin Haythe (também de O Cavaleiro Solitário) baseado numa ideia do próprio Verbinski, o roteiro acompanha Lockhart (Dane DeHaan), um jovem executivo que após ser pego numa maracutaia financeira, é chantageado pelo chefe para que possa persuadir o presidente da empresa a permitir uma milionária transação. O problema é que este agora está nos Alpes Suíços, vivendo numa espécie de spa que promete uma misteriosa cura. Se eu contar mais, correrei sério risco de estragar possíveis surpresas. Isso também porque a trama não ajuda, já que não consegue esconder seus segredos por muito tempo.


Sendo assim, o mistério principal é tratado com tanto descuido por Haythe, que o espectador já consegue solucioná-lo por volta da metade da projeção, obrigando-o a aturar mais de uma hora de explicações, que acabam se revelando apenas redundantes. Com isso, o que começa como um instigante suspense, acaba se transformando num enfadonho thriller com pitadas de horror.


E por falar em horror, Gore Verbinski é hábil ao construir uma atmosfera de estranhamento e inquietude que é ressaltada pelo bom design de produção de Eve Stewart (A Garota Dinamarquesa), que concebe o spa como uma construção imensa que, apesar de elegante e convidativa por fora, é sinistra e impessoal por dentro. Além disso, é curioso notar o tom antigo que a narrativa evoca mesmo se ambientando no presente. Investindo em planos, que em vários momentos remetem a O Iluminado, a fotografia também merece elogios por evitar a tentação de escurecer as cenas, sendo eficiente justamente por manter tudo às claras.


Após despontar ao interpretar o problemático Andrew no bom Poder Sem Limites, Dane DeHaan prova mais uma vez ser um dos atores mais fascinantes de sua geração, o que fica evidente em sua facilidade em carregar o filme com uma espantosa segurança, se beneficiando, também, do ótimo elenco de apoio que conta com o sempre interessante Jason Isaacs (o Lucius Malfoy de Harry Potter), e a presença sinistra da jovem Mia Goth, que investe numa composição que parece causar desconforto em todos a sua volta.


Infelizmente, porém, mesmo que Gore Verbinski consiga despertar curiosidade em sua eficiente direção e que o filme seja tecnicamente competente, A Cura deixa várias pontas soltas, é mais longo do que deveria e ainda peca por apresentar um desfecho tão vergonhoso, que mais parece ter saído de uma produção infantil.


E para esses problemas, a produção não encontrou a cura…


NOTA 5

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